Se fazer cinema é sempre um ato político, nesta 6ª edição o BrLab se reafirma como referência em espaço diverso e democrático. Foram 323 inscrições, 191 somente do Brasil. E é pelo reconhecimento desse trabalho, a única plataforma no Brasil para desenvolvimento de projetos de diferentes nacionalidades, que somos capazes de nos manter “vivos”. E sempre me impressiona a dimensão e o resultado do trajeto percorrido até aqui, graças à grandiosidade, seriedade e generosidade com que estabelecemos nossas parcerias, valiosas e sempre estruturais desde a concepção deste espaço. 

Também impressiona constatar que a maior parte deste trabalho não se desenrola apenas no âmbito criativo para seleção, reunião e orientação de talentos com projetos potentes e originais, mesmo sendo esta a parte mais proveitosa. Os maiores esforços estão sempre concentrados na constante necessidade de encontrar vias de financiamento e apoios que garantam nossa continuidade e a oportunidade de que os profissionais selecionados tenham, a cada ano, de encontrar no BrLab um espaço único para compreensão e desenvolvimento de seus projetos nos aspectos mais diversos. 

Em 2016 vemos nosso trabalho já consolidado, em vias de se reinventar e se reerguer sobre um terreno movediço, que aponta para novos desafios, talvez maiores, no futuro. Por isso, seguimos avançando e encontrando a solidez institucional necessária para dar continuidade ao trabalho. 

Se a cada ano enfrentamos uma batalha para a realização e a ampliação do BrLab, também encontramos nos filmes realizados e lançados anualmente uma fonte de renovação para manter esta empreitada. Em 2016 vimos o lançamento de três projetos participantes do BrLab: dois no Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro – Antes o Tempo Não Acabava, de Sérgio Andrade e Fábio Baldo, participante do BrLab em 2012; e El Soñador, de Adrian Saba, participante do BrLab em 2013 com o título Donde Sueñan los Salvajes –, e outro (Rifle, de Davi Pretto, participante em 2014 com o título Até o Caminho) no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em que ganhou o Prêmio da Crítica, além de Melhor Roteiro e Som pelo Júri Oficial.

Se, por um lado, o reconhecimento do incentivo aos projetos em fase de desenvolvimento exige certo grau de “visão”, esperamos que o lançamento de obras participantes a cada nova edição traga materialidade ao nosso trabalho, e maior sinergia à parceria com a Mostra Internacional de Cinema, evento que nos apoia institucionalmente desde 2013, e que neste ano exibirá em sua programação os dois primeiros filmes aqui mencionados. 

Também neste ano comemoramos a oportunidade de poder rever, juntos pela primeira vez, os filmes já realizados, graças à parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil, que receberá de 02 a 14 de novembro a Mostra de Filmes BrLab – programação que reunirá todos os títulos já realizados por meio do projeto e que permitirá o encontro com processos similares para discussão e compartilhamento de metodologias e experimentações com o público de São Paulo. 

Antes, porém, teremos a alegria de receber 14 novos projetos que, ao longo de uma semana, sob orientação de nosso corpo de tutores, mentores e palestrantes, irão estabelecer uma dinâmica de troca e colaboração mútuas. Estamos satisfeitos por ampliar mais a nossa abrangência e, nesta sexta edição, receber o primeiro projeto português no BrLab (com apoio do Consulado Geral de Portugal em São Paulo) e por contar com novos parceiros e apoiadores, como o Serviço Social do Comércio de São Paulo – SESC SP, o Tribeca Film Institute, a Embaixada da França no Brasil, o escritório Cesnik, Quintino & Salinas Advogados, entre tantos outros que desde o início honram nossa iniciativa. 

O BrLab tem o orgulho e o privilégio de ser parte também de um movimento que nos últimos anos fez de São Paulo não somente um polo de produção audiovisual, como também um centro de convergência da cultura latino-americana. É gratificante quando dois empreendimentos encontram sinergia em suas orientações e se complementam em suas ações. Assim é a parceria com a Spcine, que desde 2014 vem viabilizando a consolidação de um trabalho de liderança à altura do papel que uma cidade como São Paulo assume na constituição e promoção de plataformas criativas e como um importante centro econômico da região. Seguimos convictos de que a capacitação de profissionais para o setor audiovisual é importantíssima para a indústria que privilegia a liberdade criativa e ações de alcance na esfera social – justamente em um momento em que o pêndulo da História parece alcançar seu ponto máximo de impulsão, para depois retornar em sentido contrário na ordem que sucede fatos e conquistas. 

E essa convicção parece ter o poder de desencadear outras iniciativas, como a que marcou este ano de 2016, com o início de novos laboratórios para projetos selecionados pela ANCINE e contemplados pela linha de laboratórios Prodav 4 – em diferentes tipologias que incluem obras seriadas de animação, obras seriadas de live action, obra seriada de documentário, entre outras –, e que permitem ampliar ainda mais o escopo e campos de atuação desta plataforma. 

Esperamos, assim, seguir com o nosso trabalho, contribuindo para o desenvolvimento do audiovisual em São Paulo, no Brasil e no exterior, e com a certeza de que aqui está uma das chaves para a transformação e construção de um futuro melhor para todos nós. Queremos, por fim, agradecer a todos aqueles que até o momento nos confiaram seus projetos e às instituições que muito nos apoiaram de diferentes formas. Chegamos até aqui e agora seguimos adiante, custe o que custar, batalhando para retribuir a confiança que nos tem sido depositada.

Workshop

Programação

PRêmios

Prêmio Aquisição FiGa/Br

Além de produtora, a FiGa Films é também distribuidora e agência de vendas internacionais. Seu acervo em constante crescimento conta com filmes premiados, reconhecidos pela crítica, e que estreiam nos melhores festivais do mundo – como Pelo Malo, ganhador da Concha de Ouro no Festival de San Sebastián em 2013. 

Fundada em 2006, a FiGa logo se constituiu como uma voz verdadeiramente independente para o que há de melhor na produção audiovisual no mundo, com foco especial na América Latina. Relações duradouras com um enfoque pessoal são fundamentais no trabalho de seus cofundadores, Alex Garcia e Sandro Fiorin. 

A missão da FiGa é selecionar e adquirir os direitos de projetos de documentário e/ou ficção com relevância social e de diretores em ascensão para licenciá-los internacionalmente. Como coprodutora, seu primeiro filme, Verano de Goliat, de Nicolas Pereda (México, 2010), ganhou o Leão de Ouro em Veneza; Cinema Novo (Brasil, 2016), de Melhor Documentario em Cannes; e A Cidade onde Envelheço (Brasil/Portugal, 2016), de Melhor Filme em Brasília e Biarritz, entre outros. 

O Prêmio Aquisição FiGa/Br será concedido a um dos projetos brasileiros participantes do BrLab 2016 com maior potencial para o mercado internacional. Em 2015, o prêmio foi concedido a O Filho Plantado, de Thais Fujinaga.

PRÊMIO AQUISIÇÃO VITRINE FILMES

Fundada em 2010 por Silvia Cruz, a Vitrine Filmes é uma empresa dedicada principalmente à distribuição de filmes brasileiros, buscando a valorização do cinema nacional e do cinema independente mundial através dos títulos que lança internacionalmente. Foi responsável por grandes lançamentos, como o de O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho, vencedor de diversos prêmios no Brasil e no exterior, incluindo o Festival de Gramado, o Festival do Rio e a Mostra de São Paulo. O filme atingiu mais de 95 mil espectadores, foi o brasileiro indicado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, e ficou em cartaz no Brasil por mais de seis meses nas salas de cinema. Distribuiu também Frances Ha, de Noah Baumbach, longa de coprodução brasileira e norte-americana e que teve Greta Gerwig como atriz principal, e que concorreu a Melhor Atriz do Globo de Ouro. Foi responsável pela distribuição de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, dirigido por Daniel Ribeiro e inspirado no curta Eu Não Quero Voltar Sozinho. O filme ganhou o Urso de Cristal na 58ª Berlinale, além de diversas outras premiações, e fez um excelente caminho pelas salas de cinema do Brasil, ultrapassando os 200.000 espectadores. 

Em 2016 lançou Mãe Só Há Uma, de Anna Muylaert, Aquarius – que teve sua estreia na competição oficial do Festival de Cannes e que já ultrapassou 200.000 espectadores em salas de cinema no Brasil – e Cinema Novo, de Eryk Rocha, que ganhou neste ano o prêmio máximo na seção de documentários em Cannes. 

Já confirmados no catálogo dos próximos anos, a Vitrine Filmes conta com os longas de Charly Braun (de Além da Estrada), Eliane Caffé (Narradores de Javé), Sérgio Machado (Cidade Baixa), além de mais outros 30 títulos de outros diretores brasileiros. 

A Vitrine Filmes reafirma seu compromisso com o cinema latino-americano ao apoiar o BrLab pelo quinto ano consecutivo, através da concessão de um Prêmio Aquisição a um projeto estrangeiro participante das atividades. Em 2015, o projeto vencedor do Prêmio Aquisição Vitrine Filmes foi El Estudiante de Cine, de Agustín Godoy.

Prêmio Cinéma en Développment

O Cinéma en Développement é um espaço desenhado como um local de encontros entre profissionais da América Latina e da Europa, e não tem o intuito de se caracterizar como mercado. O objetivo da plataforma é que profissionais que desejem descobrir talentos e projetos interajam com produtores e diretores que estejam desenvolvendo algum filme e queiram criar ou fortalecer sua rede de contatos profissionais. 

O Cinélatino Rencontres de Toulouse e o BrLab uniram-se, desde 2013, com o objetivo dar continuidade em Toulouse ao trabalho de apoio a diretores e produtores brasileiros cujo projeto tenha sido selecionado conjuntamente. Desde então os projetos Paterno (2013), A Morte Habita à Noite (2014), O Filho Plantado (2015) foram os selecionados a participar do programa. 

Esta aliança pretende manter na Europa a dinâmica de formação e de apoio iniciada na América Latina, e com isso permitir que um dos projetos participantes se beneficie de um programa personalizado, com apresentação de seu projeto nos “1-to-1” do Cinéma en Développement, encontros com profissionais relevantes da indústria, estudos de casos, e acesso às projeções do Cinéma en Construction. 

O Cinéma en Développement terá lugar no marco da plataforma profissional do Cinélatino 29º Rencontres de Toulouse (17 a 26 de março de 2017). A participação dos profissionais brasileiros vinculados ao projeto selecionado contará também com o apoio da ANCINE – Agência Nacional de Cinema. Em 2015, o prêmio do Cinéma en Développment foi concedido a O Filho Plantado, de Thaís Fujinaga.

Prêmio de Mentoria do Tribeca Film Institute

O Tribeca Film Institute vai selecionar três projetos com histórias internacionais envolventes e apoiá-los através de mentoria via Skype. Por meio destas sessões de mentoria, o TFI fornecerá feedback a respeito do projeto e também do pitch, além de oferecer orientação voltada à extensão do alcance do filme dentro da indústria norte-americana. O Tribeca Film Institute é uma organização sem fins lucrativos que atua o ano inteiro, capacitando cineastas e artistas de comunidades menos favorecidas e apoiando sua inserção na indústria do entretenimento.

Prêmio Miami Film Festival

Celebrando a sua 34a edição, entre os dias 3 e 17 de março de 2017, o Festival de Cinema de Miami, do Miami Dade College, é considerado o festival mais importante para o cinema iberoamericano nos Estados Unidos, e uma plataforma de lançamento para documentários e ficções internacionais. O festival, o único de cinema internacional sediado em uma universidade, é anual, produzido e apresentado pelo Miami Dade College, e atrai mais de 60 mil espectadores e mais de 400 realizadores, produtores, atores e profissionais do audiovisual. Nos últimos cinco anos, o festival exibiu filmes de mais de 60 países, incluindo 300 estreias mundiais, norteamericanas, estadunidenses e na costa oeste dos Estados Unidos. Anualmente o Festival concede mais de 70 mil dólares em prêmios para as sessões competitivas. 

O foco especial do festival no cinema iberoamericano tem feito do evento uma plataforma natural para o descobrimento de novos talentos desse território tão diverso e heterogêneo. O festival também oferece oportunidades educacionais únicas para os estudantes de cinema e a comunidade local em geral. No mês de outubro, o Festival de Cinema de Miami organiza um festival de outono, o GEMS, que apresenta os filmes de maior relevância da temporada. 

As iniciativas voltadas à indústria incluem sediar em Miami o o Mercado de Cinema Francês, organizado pela Unifrance, um programa de seminários focados na desigualdade de gênero e raça na indústria cinematográfica, numa parceria com a Google, e Encuentros, uma competição para filmes em pós-produção que outorga um prêmio de 10 mil dólares. 

O Festival de Cinema de Miami concederá um prêmio que viabilize a um dos projetos participantes sua continuidade e desenvolvimento, e traçará, em sua próxima edição, metas para fortalecer os laços internacionais. O Festival disponibilizará estadia de 3 (três) noites no hotel sede do Festival, em Miami, e uma acreditação de Indústria para o produtor do projeto selecionado.

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