Há uma grande e desconhecida produção de filmes negros, tanto no Brasil quanto em muitos países do continente africano, da América Latina e do Caribe. Existem profissionais cujas obras e trajetórias por muito tempo foram deixadas de lado da história do cinema e dos acervos oficiais de vários países. Há uma obra densa, diversa e paradoxalmente ignorada, o chamado cinema negro, que se refere a homens e mulheres negros que deveriam ser conhecidos e reconhecidos por suas contribuições à cultura audiovisual. No caso do Brasil, iniciativas como a “Cinemateca Negra” comprovam que há uma importante presença e contribuição de profissionais negros em todas as áreas do audiovisual ao longo da história, e publicações como “Empoderadas”, nos levam a refletir e entender como as mulheres negras foram mais ainda injustiçadas e apagadas nesse processo histórico. Esses movimentos de "resgates históricos", muitas vezes anunciados oficialmente como “descobertas" de profissionais e mulheres negras que sempre existiram no cinema brasileiro sem o devido reconhecimento e sem serem registradas e catalogadas pela historiografia, não necessariamente provocam a reparação que é necessária em termos práticos e concretos. Se a história foi e ainda é muito estreita, excludente e racista para se abrir a outras existências e geralmente muito autoritária para admitir suas fragilidades e sua irracionalidade, o que pode ser feito como reparação e o que podemos nos perguntar diante disso, neste momento?

Mesa realizada em parceria com o coletivo +Mulheres.