Ao construir este breve histórico, surpreende constatar que apenas nas quatro primeiras edições do BrLab mais de 100 profissionais tenham sido selecionados e qualificados pelo programa para participar das atividades integrais do laboratório. Dentre os 63 projetos que participaram das cinco primeiras edições estão representantes de 14 países (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Guatemala, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai) e de 10 estados brasileiros (Amazonas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo), mais o Distrito Federal. 

Após somente cinco anos de existência, o BrLab contabiliza 9 longas-metragens finalizados e lançados comercialmente, 4 projetos em finalização, e 20 projetos em estágios avançados de financiamento, com previsão de filmagem entre 2015 e 2017. Ou seja, ao menos 32 filmes que participaram do BrLab terão sido finalizados entre 2017 e 2018. 

A cada ano, os projetos participantes são selecionados por meio de convocatória pública aberta a profissionais de todos os países da América Latina (e, desde 2014, também da Península Ibérica) que estejam trabalhando no desenvolvimento de seus projetos audiovisuais. Uma comissão de seleção mista é constituída anualmente por especialistas de diferentes áreas da cadeia produtiva audiovisual do Brasil e do exterior. E, ao longo dos últimos cinco anos, recebemos mais de mil projetos provenientes de 21 países (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Espanha, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela), de 14 estados brasileiros (AM, BA, CE, ES, GO, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP) e do Distrito Federal. 

O BrLab é um evento pioneiro no Brasil, tanto por constituir uma plataforma para o desenvolvimento integrado de projetos audiovisuais, em especial no formato de longa-metragem (talvez o formato que hoje encontre maior dificuldade de comercialização no “gargalo final”, especialmente no mercado brasileiro), quanto por representar uma estratégia fundamental para o desenvolvimento do setor audiovisual do país – principalmente quando ninguém sequer notava a importância da integração do Brasil com a América Latina e, claro, com outros mercados internacionais. 

Desde 2011, ano em que ainda pouco se falava no Brasil sobre a necessidade de internacionalização do mercado audiovisual e sobre ações voltadas à capacitação profissional para o setor, além das verdadeiras razões para se promover coproduções internacionais ou mesmo dentro do próprio país, o BrLab vem sendo realizado de modo independente e à custa de muitos esforços. Quando o olhar lançado à América Latina como efetiva e potencial parceira – afinal, todos nós latino-americanos somos frutos de séculos de modelos econômicos que muito já nos frustraram – era ainda desviado para a Europa ou para os países “desenvolvidos”, o BrLab optou por tornar visível o que vinha sendo feito em nosso continente e de uma forma quase anacrônica, ou até mesmo invertida do ponto de vista de algumas instituições (inclusive, possíveis patrocinadoras). 

Em 2015 não poderia ser diferente, ainda mais com todas as adversidades que o país enfrenta, política e economicamente. Porém, se em nossas primeiras edições essa ideia de evento internacional para desenvolver projetos de longa-metragem brasileiros e latino-americanos (e, desde 2014, também da Península Ibérica) poderia fazer menor sentido aos olhos de um ou de outrem, neste ano em que celebramos nossa quinta edição, a Agência Nacional do Cinema lançou um modelo pioneiro de Fundo de Investimento que em muito dialoga com nossa proposta. 

Trata-se de uma iniciativa inédita em toda a história do cinema brasileiro, voltada justamente à integração do cinema nacional com o cinema produzido na região latino-americana, raiz do nosso projeto lançado em 2011 e de muitas diretrizes que poderiam parecer “lunáticas” cinco anos atrás e que hoje são chamadas de “estratégia econômica” ou até mesmo de “política internacional” e “política de desenvolvimento”. No entanto, esperamos que essa mudança de eixo possa significar melhor estrutura ao projeto, já que não foi fácil mantê-lo erguido e com a mesma qualidade durante esses últimos cinco anos, sem interrupção. 

Em maio de 2015 foi anunciado pela ANCINE o investimento em parceria com 19 países latino-americanos no desenvolvimento e na produção de longas-metragens de toda a região latino-americana. O anúncio se deu com a abertura da Chamada Pública Prodecine 06/2015 – Coprodução América Latina, do Programa Brasil de Todas as Telas, que viabiliza o investimento de R$ 5 milhões em recursos do Fundo Setorial do Audiovisual para coproduções brasileiras com países latino-americanos. Esta linha foi anunciada no site da ANCINE (e em evento realizado no Festival de Cannes) como modalidade de fluxo contínuo – quer dizer, com inscrições abertas enquanto houver disponibilidade de recursos – e investirá em projetos em que a produtora brasileira tenha participação minoritária. 

Não fossem tantas adversidades na captação de recursos, este seria o ano em que o BrLab ampliaria seu escopo para incluir um grupo ainda maior de agentes do mercado nacional e internacional com potencial interesse em estabelecer coproduções, parcerias, aquisições e representações, tarefa que assumimos para 2016. E, para concretizar este passo, tão necessário e natural para todos, especialmente para o audiovisual da região, esperamos contar com a participação de todos. Neste sentido, vale a pena ressaltar que a parceria com a Spcine tem sido imprescindível para a continuidade deste projeto, por conta da política e da gestão adotadas de forma tão inspiradora, acreditando que São Paulo possa continuar sendo o berço desta iniciativa, já que confiamos muito em seu potencial como polo cultural e do qual nos orgulhamos fazer parte e poder apresentar aos nossos convidados. 

A vocação de uma metrópole como São Paulo (e ainda, por que não dizer de tantos outros polos culturais expressivos, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Manaus, Brasília, entre outros, que ainda aguardam por iniciativas de mesma envergadura) em promover encontros para o setor audiovisual é tão gigantesca que não há motivos razoáveis para que deixemos passar em branco um projeto como este. 

O BrLab foi concebido para agregar, desenvolver e constituir uma plataforma em interlocução com o que houver de positivo e melhor, sem nunca sobrepujar-se. Queremos dialogar com soluções criativas, para que sejamos reconhecidos mais como uma ação da sociedade civil em parceria com políticas públicas consonantes para o audiovisual do que como uma iniciativa privada isolada, que se confunde e se perde entre muitas outras. 

Esperamos poder dar continuidade ao nosso trabalho, seguir melhorando e acompanhando as transformações do mercado, mesmo com a incessante batalha anual para assegurar suficiente patrocínio para programas de formação e colaboração como este, de âmbito não somente nacional, mas também internacional e intercontinental. Ainda assim, mesmo diante das atuais dificuldades, nos cabe agradecer enormemente a todas as instituições que participam do BrLab em diversas esferas, e às instituições colaboradoras, tutores, profissionais, participantes e amigos do mundo todo, que acreditam e contribuem para a consolidação e a continuidade desta iniciativa.

PROJETOS SELECIONADOS

Comissão de Seleção

Estrela Straus

atriz e diretora

Flavia Candida

Curadora, cineasta e produtora

Mauricio Kinoshita

diretor e produtor

Rafael Sampaio

Diretor do BrLab e produtor

Tutores

Palestrantes

Juliana Vicente

diretora e produtora

Maria Carlota Bruno

produtora executiva

Paulo de Carvalho

comissão de seleção, palestrante

Sandro Fiorin

produtor, distribuidor

Thierry Lenouvel

Cine Sud Promotion

PRêmios

Prêmio Aquisição FiGa/Br

A FiGa Films é uma produtora, distribuidora e agência de vendas internacionais. Em constante crescimento, seu acervo conta com filmes premiados, reconhecidos pela crítica, e que estreiam nos melhores festivais do mundo – como Pelo malo, ganhador da Concha de Ouro no Festival Internacional de Cine de San Sebastián em 2013. 

Fundada em 2006, a FiGa logo se constituiu como uma voz verdadeiramente independente para o que há de melhor na produção audiovisual no mundo, com foco especial na América Latina. Relações duradouras e com um enfoque pessoal são fundamentais no trabalho de seus cofundadores, Alex Garcia e Sandro Fiorin. 

A missão da FiGa é selecionar e adquirir os direitos de projetos de documentário e/ou ficção com relevância social e de diretores em ascensão para licenciá-los internacionalmente. Como coprodutora, seu primeiro filme, Verano de Goliat, de Nicolas Pereda (México, 2010), ganhou o Leão de Ouro em Veneza. Castanha (Brasil, 2014) e Viaje (Costa Rica, 2015) são alguns dos titulos mais recentes coproduzidos pela empresa. 

A FiGa lançou seu novo selo FiGa/Br em 2014, focada em novas produções brasileiras e com voz própria que sejam capazes de comunicar de forma universal. Seu primeiro título, Ventos de agosto, estreou na competição oficial de Locarno, na qual recebeu a Menção Especial do Júri. O ano de 2015 começou na Berlinale, com a estreia mundial do filme gaúcho Beira-mar, que recentemente venceu o prêmio de Melhor Filme na competição Novos Rumos do Festival do Rio. 

O Prêmio Aquisição FiGa/Br será concedido a um dos projetos brasileiros participantes do BrLab 2015 com maior potencial para o mercado internacional. Em 2014, o Prêmio Aquisição FiGa/Br foi concedido a A morte habita à noite, de Eduardo Morotó.

PRÊMIO AQUISIÇÃO VITRINE FILMES

Fundada em 2010 por Silvia Cruz, a Vitrine Filmes é uma empresa dedicada principalmente à distribuição de filmes brasileiros, e que busca a valorização do cinema nacional e do cinema independente mundial através de seus títulos internacionais. 

Foi responsável por grandes lançamentos, como o de O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, vencedor de diversos prêmios no Brasil e no mundo, incluindo Gramado, Festival do Rio e Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O filme atingiu mais de 95 mil espectadores, foi o indicado brasileiro ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e ficou em cartaz por mais de 6 meses nas salas de cinema do Brasil; Frances Ha, de Noah Baumbach, filme de coprodução brasileira e americana que teve a atriz principal Greta Gerwig concorrendo ao Globo de Ouro de Melhor Atriz; e Hoje eu quero voltar sozinho, dirigido por Daniel Ribeiro. O filme ganhou o Urso de Cristal na 58ª Berlinale, além de diversas outras premiações, e fez um excelente caminho pelas salas de cinema do Brasil, ultrapassando os 200.000 espectadores. Já confirmados no catálogo dos próximos anos, a Vitrine Filmes conta com os próximos filmes de Charly Braun (de Além da estrada) e Kleber Mendonça Filho, além de mais outros 30 títulos dos mais variados diretores brasileiros. 

A Vitrine Filmes reafirma seu compromisso com o cinema latino-americano ao apoiar o BrLab pelo quarto ano consecutivo, através da concessão de um prêmio aquisição a um projeto estrangeiro participante das atividades. Em 2014, o projeto vencedor do Prêmio Aquisição Vitrine Filmes foi Estatica milagrosa, de Gustavo Vinagre e Noelia Lacayo.

Prêmio Cinéma en Développment

O Cinéma en Développement é um espaço desenhado como um local de encontros entre profissionais da América Latina e da Europa, e não tem o intuito de se caracterizar como mercado. O objetivo da plataforma é que profissionais que desejem descobrir talentos e projetos interajam com produtores e diretores que estejam desenvolvendo algum filme e queiram criar ou fortalecer sua rede de contatos profissionais. 

O Cinélatino Rencontres de Toulouse e o BrLab uniram-se com o objetivo dar continuidade em Toulouse ao trabalho de apoio a diretores e produtores brasileiros cujo projeto tenha sido selecionado conjuntamente. 

Esta aliança pretende manter na Europa a dinâmica de formação e de apoio iniciada na América Latina, e com isso permitir que um dos projetos participantes se beneficie de um programa personalizado, com apresentação de seu projeto nos “1-to-1” do Cinéma en Développement, encontros com profissionais relevantes da indústria, estudos de casos, e acesso às projeções do Cinéma en Construction. 

O Cinéma en Développement terá lugar no marco da plataforma profissional do Cinélatino 28º Rencontres de Toulouse (11 a 20 de março de 2016). A participação dos profissionais brasileiros vinculados ao projeto selecionado contará também com o apoio da ANCINE – Agência Nacional de Cinema. 

Em 2014, o prêmio do Cinéma en Développment foi concedido a A morte habita à noite, de Eduardo Morotó.

Prêmio Subtitulos.tv

A SUBTITULOS.TV é uma empresa uruguaia de tradução e legendagem criada no ano 2000 por Danilo Iglesias e Tato Ariosa, ambos tradutores e editores de cinema. 

Desde então, a empresa já legendou mais de uma centena de filmes para os mercados mais diversos: Argentina, Bélgica, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, México, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, Suíça, Uruguai e Venezuela. Já traduziu de e para os idiomas espanhol, francês, inglês, italiano e português, contando sempre com profissionais nativos. A empresa também trabalha com a tradução de roteiros e projetos cinematográficos. 

A equipe da SUBTITULOS.TV, formada por Danilo e Tato, conta ainda com os seguintes tradutores e editores: Andrés Borques Islas, Carlos Poza, Claire Carroll, Eliane Simeone, Ernesto Díaz, Guilherme de Alencar Pinto, Lori Nordstrom, Lucía Capparelli, Marcela Fontana, Marise Carvalho, Paulo Baptista, Riccardo Boglione, Ruben Svirsky e Vikki Cheung. 

Pela primeira vez em parceria com o BrLab, a SUBTITULOS.TV oferece dois prêmios de tradução de projetos, um para um projeto brasileiro, e outro para um projeto estrangeiro, no seguinte formato: 

• Para os participantes brasileiros: será escolhido diretamente pela empresa um projeto que receberá o prêmio de tradução do projeto/“book” com um conteúdo de até 7.000 palavras do português ao francês ou ao espanhol.

 • Para os participantes estrangeiros: será escolhido diretamente pela empresa um projeto que receberá o prêmio de tradução do projeto/“carpeta” com um conteúdo de até 7.000 palavras do espanhol ao inglês ou ao português.

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