A Associação do Audiovisual há anos desenvolve atividades e programas direcionados à formação profissional e à integração cultural do Brasil com os países vizinhos latino-americanos. Em 2011, a entidade celebrou importantes resultados concretos, culturais e numéricos, relevantes como ação ao desenvolvimento da economia criativa no Brasil e na América Latina, num contexto de produção cada vez mais internacionalizado. Embora sempre tenha se definido como um espaço essencialmente voltado à formação de profissionais e ao desenvolvimento criativo, fica evidente a constituição de uma rede colaborativa de profissionais que, a cada ano que passa, supera os limites geográficos e temporais do programa. Da edição passada do BrLab, destaca-se o surgimento de duas coproduções internacionais, dois projetos já filmados integralmente e outros dois em pré-produção, a atribuição de fundos e apoios diversos concedidos aos participantes e a criação de laços de amizade gerados da reflexão e da convivência coletiva num processo visceral de desenvolvimento de imagens e narrativas a partir de sílabas, palavras, orações e ideias visuais. 

Tais resultados repercutiram em um questionamento básico que esteve presente em todas reflexões envolvidas na elaboração desta nova edição: até que ponto este espaço específico é necessário e fundamental, o quanto cumpre e representa efetivamente uma resposta à uma demanda cultural, econômica e geográfica. A partir de fenômenos culturais concretos, nossa convicção se materializou em dúvidas e reflexões teóricas extremamente produtivas, que nos serviram de pauta na determinação do conceito e vocação desta edição. 

Ao explorar o significado da palavra desenvolvimento, este foi pensado como o “aperfeiçoamento” de algo, seja de ordem artística, moral, intelectual, física, econômica, social, cultural, política, etc. O que poderia representar no âmbito internacional a crescente demanda para participação neste programa? Desta forma, desdobramentos e reflexões nos acompanharam desde a última edição, servindo-nos como base teórica, tanto na dúvida quanto na certeza, para composição e celebração desta nova edição. 

Em meio à crescente e variada informação audiovisual que inunda de imagens as paisagens do mundo contemporâneo, como esses projetos – quando se concretizem em filmes – poderão existir de forma cultural, econômica e social? O que representa realizar um filme na América Latina hoje em dia? E mais, quais são as responsabilidades específicas que assume – ou não – um cineasta de determinada região ou condição geopolítica? Qual é o impacto que essas imagens que desenvolvemos terão sobre o mundo? 

Em 2012 o mundo não acabou, mas a terra tremeu. Foi talvez o ano mais renhido para realização do laboratório, e que ainda se viu mais estremecido pela perda de um amigo e figura fundamental na história e na pré-história deste programa, nosso colaborador como consultor de projetos e tutor há mais de cinco anos: Gustavo Montiel. Esta edição é especialmente dedicada ao amigo Gustavo e também a todos aqueles que, como ele, acreditam que é na formação artística e na reflexão crítica onde se encontram algumas das principais alavancas para impulsionar transformações sociais. 

Se o cinema latino-americano vive hoje uma problemática em sua cadeia produtiva, sem dúvida ela recai, cada vez mais, na circulação dos filmes do que na sua produção propriamente dita. Acreditamos que um filme deve buscar, identificar e alcançar seu público desde o seu desenvolvimento enquanto ideia e projeto. 

Ao compartilhar dessa ideia, duas distribuidoras nos honram com importantes prêmio-aquisição que, seguramente, servirão como propulsores à produção dos projetos ganhadores, e para obter resultados positivos de circulação ao elaborar, desde o início, estratégias e modelos específicos à distribuição. Nos alegra imensamente o reconhecimento da FiGa Films e da Vitrine Filmes que em 2012 se somam aos nossos parceiros , e com os quais esperamos seguir em consonância e colaboração pelos próximos anos. 

A média de 200 projetos recebidos em cada uma das convocatórias também suscita a inevitável reflexão sobre qual é a real demanda atual e relevância específica de iniciativas dessa natureza. No caso concreto do BrLab, podemos ainda agregar a inquietação de entender como aprimorar a compreensão crítica e como definir esse novo papel que o Brasil começa a desempenhar geopoliticamente no mundo, especialmente na América Latina, em meio a tantas especulações econômicas que, muitas vezes, parecem incompatíveis com nossa realidade. 

À emergência deste novo mundo, ainda imprevisível e por vezes caótico, a necessidade de que a América Latina se desenvolva em termos culturais, criativos e econômicos se viabiliza no BrLab. através do estímulo à interação, ao intercâmbio de ideias e à compreensão do outro, fundamentos que nos levaram à realização desta edição na qual recebemos, de portas e janelas abertas, a todos os profissionais participantes, apoiadores e parceiros.

PROJETOS SELECIONADOS

Tutores

Eliseo Altunaga

roteirista e consultor de projetos

Eva Morsch Kihn

Cinéma en Développement (France)

Juan Villegas

diretor e roteirista

Miguel Machalski

tutor, palestrante

PRêmios

Prêmio FiGa Films

Prêmio-aquisição para filmes latino-americanos de qual – quer nacionalidade, para representação internacional / world sales (com exceção do território do país produtor e/ou dos países coprodutores). 

FiGa Films é uma companhia de distribuição e agên – cia de vendas de seletos filmes, baseada em Los Ange – les e criada em 2006 pelo brasileiro Sandro Fiorin e pelo americano-cubano Alex García, especialmente focada no novo cinema latino-americano. Os filmes selecionados e distribuídos pela empresa são expostos às mais vastas au – diências possíveis, seja através de distribuição em cinemas, DVD ou estações de TV a cabo, educativas, e na internet de banda larga. “Nós queremos os filmes que os grandes estúdios não querem. Nós não estamos interessados no óbvio. Nós queremos os pequenos cineastas julgados de – masiado experimentais. Filmes que nos transportam e nos fundem. Temos orgulho das nossas desvantagens. Somos a Casa do Novo Cinema Latino .” Assim se autodefine FiGa Films, que nos últimos anos também vem participando de projetos como coprodutora, incluindo Verano de Goliat (México, 2010, de Nicolás Pereda), primeiro filme da empresa nessa categoria e vencedor do prêmio Orizzonti do Festival de Veneza. Também é coprodutora de Los Viejos (Bolívia, 2011), A Floresta de Jonathas (Brasil, 2012) y Untitled Project (EUA, 2013), de Zach Weintraub.

Prêmio Vitrine Filmes

Prêmio-aquisição para filmes latino-americanos de qualquer nacionalidade, para distribuição comercial no território brasileiro exclusivamente em salas de cinema. 

Fundada em 2010, a Vitrine Filmes é uma empresa distribuidora que se dedica à distribuição de filmes brasileiros, investindo, assim, no crescimento e na valorização do cinema nacional. Já em 2010, foram lançados pela Vitrine o longa-metragem Meu Mundo em Perigo, do prestigiado diretor José Eduardo Belmonte, e o premiado documentário Terras, de Maya Da-Rin, que também foi distribuído pela própria Vitrine Filmes na Colômbia, no Peru e na Guiana Francesa.

No ano de 2011, com o patrocínio do edital de difusão da Petrobras, levou às salas de cinema os premiados Além da Estrada, de Charly Braun, e O Céu Sobre os Ombros, de Sérgio Borges. Também em 2011, criou e consolidou o projeto de distribuição coletiva “Sessão Vitrine”, que lançou 12 filmes brasileiros em mais de dez capitais. Alguns dos filmes foram Estrada para Ythaca, Os Residentes e Um Lugar ao Sol. O projeto foi finalista do prêmio IBAC-Escola da Cidade e do Prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo. Foi eleito o melhor evento cinematográfico do ano de 2011 pela Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro. 

Em 2012 lançou plataforma voltada ao cinema latino e sul-americano e, como primeiro lançamento dessa iniciativa, trouxe às salas comerciais brasileiras o filme La Vida Útil (Federico Veiroj, Uruguai, 2010). Prepara o lançamento de novos títulos, reconhecendo a mesma pulsão no cinema independente latino-americano que foi propulsor de sua criação, exclusivamente voltada de início ao lançamento de títulos brasileiros com o mesmo perfil.

Prêmio Bolivia Lab / BrLab

Um dos projetos participantes do BrLab será selecionado para participar do V Bolivia Lab, que realizar-se-á em julho de 2013 na cidade de La Paz. 

No coração da América Latina, o Bolivia Lab fomenta há quatro anos a formação cinematográfica ibero-americana através da implementação de espaços voltados a projetos em desenvolvimento, análise e clínicas de roteiro, apoios e concessão de serviços a filmes em fase de finalização, espaços de mercado e mostras de cinema. Em 2013, terá como país convidado o Equador e apresentará um laboratório especial com foco na produção executiva de projetos ibero-americanos.

Patrocinadores e parceiros 2012